segunda-feira, 22 de março de 2010

Os animais merecem mesmo o céu


Nesses últimos dias a mídia tem trazido aos olhos do público em geral, uma avalanche de notícias sobre os maus tratos aos animais.
Não me recordo bem qual foi a primeira delas, mas em cada uma sempre havia uma vítima e um algoz. As vítimas eram sempre os animais e os algozes, quem diria, os homens, os seres racionais.
Houve a avalanche de imagens sobre os rodeios e sobre as dores infligidas a esses animais para a diversão de algumas pessoas ainda sem consciência sobre a vida. Depois o aviso que no Canadá seria aberta a temporada de caça as focas, aos filhotes na verdade, que possuem uma das peles mais belas que Deus já fez. Houve a morte da cachorrinha grávida em Pelotas, por jovens de classe média, que se divertiam em baladas e que a arrastaram ainda prenha, pelas ruas da cidade.
Todos seres extremamente racionais.
Do outro lado dessa linha, vemos notícias que nos abalam ainda mais. Leões que salvam uma menina de 12 anos, de seis homens que a espancavam.Um homem que sofre um derrame, e impossibilitado de pedir auxilio, é mantido vivo por seu cão, que durante dias lhe traz água num pano, umidecendo-lhe os lábios até que ele receba auxílio. Ou ainda a cachorrinha que resgatou o recém nascido jogado no lixo pela mãe e a leva para junto de seus filhotes.
Todos seres ditos irracionais.
Aí lemos um livro como esse de Marcel Benedetti: “Todos os animais merecem o céu”
E concordamos em gênero, número e grau. Merecem mesmo, e como.
Espíritas ou não, aprendemos desde cedo o amor ao próximo, a caridade, a fraternidade, a devoção. Alguns se esquecem disso e se desviam enveredando por outros caminhos. Outros entendem que esse amor deve ser dirigido apenas aos seres humanos, que precisam galgar os caminhos difíceis para chegar até Deus. Esquecendo-se que todos, um dia, chegarão a Deus.
Daí, saímos por aí dizendo que somos caridosos para com nossos irmãos, e deixamos sempre uma lacuna em nosso coração quando lembramos desse título tão bem feito:
“Todos os animais merecem o céu”.
Merecem porque os homens os mal tratam e eles permanecem em silêncio. Merecem porque os homens lhes infligem as piores torturas e mesmo assim, se chamados, vêem lamber a mão de seu algoz.
Nos temem e mesmo assim nos perdoam. Quer maior exemplo do que os cães, que apanham e voltam sempre para seus donos?
Isso é caridade. Isso é fraternidade e humildade. Isso é amor.
Amor de um modo que o homem ainda desconhece, que muitos acham que já o tem, mas estão longe de o compreender. Quem se cala diante da dor, é tão culpado quanto o carrasco.
Espíritas compreendam, que a mudança de atitude naqueles que nos cercam dependem também de nossa voz. Sejamos humildes como os animais, sejamos fraternos e caridosos como eles. Aprendamos a amar como eles nos amam. Deixem o orgulho de lado e lutem por todos aqueles que não possuem voz para gritar por auxílio. Para que também possamos merecer o céu assim como nossos irmãos menores que, sofrendo pela irracionalidade humana, nos dão grande exemplo de compaixão, a mesma compaixão que os homens, notadamente, não possuem por eles.
 (Texto de Simone Nardi,  publicado em 15/08/2005 no site da Fundação Espirita André Luiz)

Um comentário:

  1. São sábias as suas palavras. E a mamãe tá louca pra ler esse livro do Benedetti.

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